A proposta basilar do projeto se resume em propiciar um amplo debate crítico sobre a circulação dos saberes na zona de fronteira-sul. Para tanto, espera-se compartilhar com pesquisadores, acadêmicos e professores em geral sobre a produção de saberes fronteiriços que se originam da tríplice fronteira-sul (Brasil/Paraguai/Bolívia) e são, na sua maioria, esquecidos ou ignorados pelo saber moderno erigido nos grandes centros do país e do mundo. A exterioridade dos saberes que está no subtítulo do projeto ilustra bem esta discussão: tal exterioridade é um conceito, para não dizer um lugar fronteiriço, criado pelo próprio saber hegemônico, como forma de manter a exclusão dos saberes periféricos e dos sujeitos que o produzem. As instituições de ensino que se encontram nas bordas da nação moderna, como a UFMS, de onde este projeto está sendo proposto, precisam aprender a dialogar com a diferença colonial, ao invés de insistirem numa ideia de ensino/ saber messiânico e salvífico. A proposta geral visa propiciar um amplo debate sobre tais condições de saberes subjugados.

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Cronograma do Evento para o mês de SETEMBRO & Resumos


SETEMBRO
Manhã:
LOCAL: ANFITEATRO DA FAALC
8H ÀS 10 H
TEMA DA MESA (MATUTINO): EPISTEMOLOGIAS OUTRAS – POR UMA UNIVERSIDADE ABERTA AOS SABERES DECOLONIAIS
Coordenação e mediação: Angela Guida
18/09

TÍTULO DA PALESTRA:
NARRATIVAS (DE) COLONIAIS – ESTÁ PROVADO QUE SÓ É POSSÍVEL FILOSOFAR EM ALEMÃO?
AUTORA: Angela Guida

TÍTULO DA PALESTRA:
O PENSAMENTO LIMINAR E UMA PESQUISA COM CRIANÇAS: É PRECISO DESCONFIAR
AUTORA: Vivian Nantes Muniz Franco [mestranda PPGEdumat/profa. Orientadora Dra. Luzia A parecida de Souza]

TÍTULO DA PALESTRA:
DA MODERNIDADE/COLONIALIDADE À DECOLONIALIADE: VIOLÊNCIAS QUE PODEM PROVOCAR REFLEXÕES E VICE-VERSA
AUTORA: Bruna Letícia Nunes Viana [mestranda PPGEdumat/prof. Orientador Dr. João Ricardo dos Santos Viola]

TÍTULO DA PALESTRA:
OLHARES OUTROS SOBRE UMA PESQUISA COM PESSOAS ANALFABETAS
AUTORA: Endrika Leal Soares [mestranda PPGEdumat/profa. Orientadora Dra. Luzia A parecida de Souza]

TÍTULO DA PALESTRA:
TRABALHANDO NO CONTRADOMÍNIO DA FILOSOFIA
AUTOR: Rafael Nobre da Silva [mestrando PPGEdumat/prof. Orientador Dr. Thiago Pedro Pinto]

TÍTULO DA PALESTRA:
A COLONIALIDADE NOS DOMÍNIOS DA LINGUAGEM
AUTOR: Ancel Jupart Quaresma [mestranda PPGEL/profa. Orientadora Dra. Angela Guida]

TÍTULO DA PALESTRA:
DESCOLONIZANDO GÊNEROS: VOZES FEMININAS AFRICANAS
AUTORA: Betinha Yadira Augusto Bidemy [mestranda PPGEL/profa. Orientadora Dra. Angela Guida]



Tarde
HORÁRIO DA MESA (VESPERTINO): 14H ÀS 15H
TEMA DA MESA: EXTERIORIDADE DOS SABERES: SABERES LITERÁRIOS, CULTURAIS E FRONTEIRIÇOS



18/09

TÍTULO DA PALESTRA:
POR UMA EPISTEMOLOGIA FRONTEIRIÇA A PARTIR DOS (DES)LOCAMENTOS IDENTITÁRIOS DO POVO ARARA
HORÁRIO: 14H ÀS 15H
AUTORA: Vania Maria Lescano Guerra (UFMS)


PERÍODO MATUTINO

HORÁRIO DA PRIMEIRA MESA: 8H  ÀS 10 H
TEMA DA MESA: EPISTEMOLOGIAS OUTRAS – POR UMA UNIVERSIDADE ABERTA AOS SABERES DECOLONIAIS

HORÁRIO: 8h às 10h
TÍTULO DA PALESTRA:

NARRATIVAS (DE) COLONIAIS – ESTÁ PROVADO QUE SÓ É POSSÍVEL FILOSOFAR EM ALEMÃO?

Profa. Dra. Angela Guida

Resumo: Com esta fala, busco sinalizar e, de certa forma, tentar ressignificar pequenas narrativas do cotidiano acadêmico nas quais nos enredamos num duplo especular, em que se alternam movimentos de colonialidade e decolonialidade. Na busca por uma universidade mais aberta aos saberes descolonizados, vou discutir a relevância da inscrição de filosofias/epistemologias outras sobretudo em espaços universitários que se encontram fora do eixo hegemônico.


TÍTULO DA PALESTRA: 

O PENSAMENTO LIMINAR E UMA PESQUISA COM CRIANÇAS: É PRECISO DESCONFIAR

Vivian Nantes Muniz Franco [mestranda PPGEdumat/profa. Orientadora Dra. Luzia Aparecida de Souza]

Resumo: Este artigo, fundamentado pelas leituras e discussões realizadas na disciplina Tópicos Especiais em Educação Matemática: Educação Matemática e Pensamento Liminar, do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, tem como objetivo mobilizar diálogos e reflexões em torno das contribuições que o Pensamento Liminar possa trazer para uma pesquisa com crianças, a qual está em desenvolvimento. Para isso, optou-se por evidenciar algumas posturas colonizadoras da infância, a partir de uma pesquisadora colonizada por uma instituição, por uma questão de pesquisa e, também, atravessada por muitas inquietações.

Palavras-chave: Pensamento Liminar. Pesquisa com crianças. Educação Matemática.

DA MODERNIDADE/COLONIALIDADE À DECOLONIALIADE: VIOLÊNCIAS QUE PODEM PROVOCAR REFLEXÕES E VICE-VERSA

Bruna Letícia Nunes Viana [mestranda PPGEdumat/Prof. Orientador Dr. João Ricardo dos Santos Viola]

Resumo: O presente artigo, desenvolvido para disciplina de Educação Matemática e pensamento liminar do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, é uma tentativa de provocar algumas violências, tendo como pano de fundo discussões sobre colonialidade e decolonialidade. Para isso, dividi minha escrita em quatro momentos, em que o primeiro expõe alguns sentimentos meus  sobre a disciplina em questão, e os seguintes são apontamentos teóricos sobre como a modernidade e a colonialidade são mutuamente constituintes, e a partir disso, como são criadas algumas fronteiras, em específico fronteiras do ser, do saber, do poder e da natureza. Por fim, não com intuito de exibir uma solução “salvadora” às violências mencionadas durante o artigo, apresento uma alternativa outra para se desvincular das fronteiras criadas pela modernidade.

Palavras-Chaves: Colonialismo. Fronteiras. Decolonialidade.

OLHARES OUTROS SOBRE UMA PESQUISA COM PESSOAS ANALFABETAS

Endrika Leal Soares - [mestranda PPGEdumat/profa. Orientadora Dra. Luzia Aparecida de Souza]

Resumo: Este artigo apresenta uma proposta de discussão sobre minha pesquisa de mestrado, ainda em desenvolvimento, pensada frente a perspectiva do pensamento liminar, desenvolvida para a disciplina “Educação Matemática e Pensamento Liminar” do mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. As leituras e discussões realizadas no espaço da disciplina me possibilitaram lançar olhares outros sobre  minha pesquisa, e este artigo consiste em um esforço de refletir sobre esses olhares, bem como sobre minha postura frente a uma pesquisa com pessoas analfabetas, me inscrevendo em um espaço de desobediência epistêmica.

Palavras-chave: Colonialidade/descolonialidade; Pesquisa; Pessoas analfabetas; Educação Matemática.


TRABALHANDO NO CONTRADOMÍNIO DA FILOSOFIA

Rafael Nobre da Silva – [mestrando PPGEdumat/prof. Orientador Dr. Thiago Pedro Pinto]

Resumo: Este texto é uma tentativa de organizar algumas ideias baseadas, principalmente, na leitura dos textos de Santos (2009), Quijano (2005),Mignolo (2017) e Gordon (2017) sobre colonialidade, pensamento decolonial e desobediência epistêmica, visando oferecer uma possibilidade de pensamento pós-colonial consideravelmente diferente do pensamento fronteiriço, mas que compartilha dos mesmos interesses.  O texto inicia com uma exposição de aspectos históricos da colonialidade, comentando estratégias de legitimação da discriminação racial e geográfica, bem como argumentando que o “outro”, do discurso hegemônico, é uma invenção ocidental que aprisiona a maior parte da população racializada no universo das práticas incompreensíveis. A consequência lógica desse processo é que o único conhecimento dito “legítimo” é o de perspectiva eurocêntrica. No que segue, são discutidas possibilidades de pensamento fora dessa lógica e o contradomínio da filosofia, uma analogia matematicamente mais sensata do que a ideia de fronteira sentido de separação.

Palavras-chave: Decolonialidade; Gramática; Mundo.

A COLONIALIDADE NOS DOMÍNIOS DA LINGUAGEM

Ancel Jupart Quaresma – Guiné-Bissau
[mestrando PPGEL/ profa. Orientadora Dra. Angela Guida]

Resumo: Pretendo discutir a linguagem como a identidade cultural de um povo e que, na maioria das vezes, pode ser um forte instrumento de dominação sobre povos colonizados. Em caso dos países colonizados que adotaram a língua do colonizador como sua língua de ensino é uma forma clara de dominação. Guiné-Bissau, meu lócus de origem é um pequeno país da África ocidental, cuja língua de ensino e oficial é a língua estrangeira, no caso, a língua o portuguesa, mas no cotidiano ela não é a mais falada, apesar de ser tida como a língua oficial. Gordon, no prefácio do livro Pele negra, máscaras brancas afirma que “a questão da língua também levanta outras questões mais radicais sobre seu papel na formação dos sujeitos humanos” (2008, p. 15). A língua reforça os termos raciais, ou seja, ela molda nossa maneira de ver o mundo na epistemologia eurocêntrica, aquilo que posso chamar de neocolonialismo linguístico e epistêmico. Frantz Fanon, por exemplo, argumenta que a língua francesa  é vista como língua de prestígio social e de status que  faz o colonizado se aproximar mais da metrópole, tendo ela mais valor que a língua nativa do povo da Martinica. Essa valorização do francês em detrimento da língua nativa da Martinica é a consequência da colonização, o povo colonizado é tão oprimido e alienado a ponto de negar sua própria condição de existência, de negar sua língua em relação à língua do colonizador.

Palavras-chave: Colonialidade; Língua; Cultura
  

DESCOLONIZANDO GÊNEROS: VOZES FEMININAS AFRICANAS

Betinha Yadira Augusto Bidemy – Guiné-Bissau [mestranda PPGEL/profa. Orientadora Dra. Angela Guida

Resumo: Neste trabalho vou discutir as relações existentes entre gênero e descolonização. Minha discussão parte de estórias narradas por vozes femininas africanas como as de Odete Semedo, Chimamanda Adichie e Betinha Yadira. A África tem importância enorme não apenas em minha pesquisa, mas porque é de lá que provém a maior parte da minha história e das minhas estórias.Se agora eu posso falar sobre meu país e meu continente em outro lugar é porque eu enuncio, sobretudo, por meio das minhas vivências anteriores em África. A respeito dessa questão de lugar, Hugo Achugar, em Planetassem boca, diz que “[...] todo discurso é sempre formulado a partir de um lugar que é verdadeiro e imaginado, concreto e desejado, histórico e ficcional” (2006, p.19). Em vários países da África, principalmente em Guiné- Bissau, a mulher é relegada a um lugar de invisibilidade. Eu me lembro quando era criança, as pessoas recebiam os hóspedes (imigrantes) que vinham de fora, mas só os homens podiam se sentar na sala com as visitas, as mulheres de casa só os recebiame os cumprimentavam e depoissaiam da sala e só voltavam para levar algo de comer ou beber para os homens. Somos excluídas dentro e fora de casa. As mulheres não podem participar das conversas, de reunião ou até sentar junto do marido para almoçar. Isso só mostra que nosso dever ou função é cuidar de casa, família e principalmente do marido e isso tudo ocorre em nome de uma tradição milenar. Diante desse cenário, meu trabalho pretende problematizar essa forma de colonialidade de poder.

 PERÍODO VESPERTINO

LOCAL: ANFITEATRO DA FAALC

HORÁRIO: 13H ÀS 14H

TEMA DA MESA: EXTERIORIDADE DOS SABERES: SABERES LITERÁRIOS, CULTURAIS E FRONTEIRIÇOS

TÍTULO DA PALESTRA: 

POR UMA EPISTEMOLOGIA FRONTEIRIÇA A PARTIR DOS (DES)LOCAMENTOS IDENTITÁRIOS DO POVO ARARA
Vania Maria Lescano Guerra (UFMS)
Resumo:O objetivo desta pesquisa é refletir sobre o processo identitário de indígenas, a partir da escrita de si em depoimentos veiculados na cartilha ""Povo Arara (Karo) – A vida acima de tudo", publicada no espaço virtual por ocasião da "Semana dos Povos Indígenas", realizada de 14 a 20 de abril de 2007 e organizada por ArtenoSpellmeier, com apoio do Conselho de Missão entre Índios. Este estudo considera a proposta teórica transdisciplinar, que se apoia na Análise do Discurso de origem francesa, a fim de investigar marcas de exclusão deixadas pelo período colonial no texto da cartilha, que influenciam no deslocamento identitário desses indígenas. Buscamos identificar as múltiplas vozes que perpassam suas subjetividades, descrevendo as projeções que fazem de si e do outro a partir de uma epistemologia fronteiriça. Para isso, utilizamos os estudos de Foucault (1992), de Eckert-Hoff e Coracini (2010), no que diz respeito ao processo de escrita de si; de Baudrillard (2005) e Coracini (2011) sobre a escrita do/no ambiente virtual e suas implicações sociais; e de Walter Mignolo (2003; 2005) que traz o pensamento liminar sobre a margem como reflexão no intuito de provocar uma ruptura epistemológica que rechaça a prática estereotipada do discurso nas bordas fronteiriças.



Cronograma do Evento para o mês de OUTUBRO & Resumos

 PERÍODO VESPERTINO LOCAL: ANFITEATRO DA FAALC HORÁRIO: 13H ÀS 15H TEMA DA MESA: EXTERIORIDADE DOS SABERES: DIÁLOGOS LITERÁR...